sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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Sou tão magra.
Magra e baixa.
Magra, baixa e pequena.
Pequena, quase insignificante.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

'Ovelhas Negras'


Desde quando comecei a ler o livro - logo nos primeiros contos, na verdade na introdução - pensei em escrever algo sobre ele.
Depois de meses de Alma Quieta, eis que senti-me inquieta novamente (que bom)!
Enfim, este livro reúne os contos de Caio Fernando Abreu que não couberam em outras publicações (seja por censura, inadequação, esquecimento ou outro motivo qualquer). Em sua maioria, as Ovelhas Negras são frutos das primeiras produções do autor e, ainda assim, são de extremo valor.
Tinha planejado falar de algumas partes que falavam muito de mim, mas hesitei tanto em começar a escrever, que não lembro mais das todas partes selecionadas, mas destacarei algumas.

"Quase três da manhã. Não temos aonde ir, nunca tivemos aonde ir. Um nojo, vezenquando me dá um asco - nojo é culpa, nojo é moral - você se sente sórdido, baby? - Eu tenho medo, não quero correr riscos - mas agora só existe um jeito e esse jeito é correr o risco - não é mais possível - vamos parar por aqui - quero acordar cedo, fazer cooper no parque, parar de beber, parar de fumar, parar de sentir - estou muito cansado - não faz assim, não diz assim - é muito pouco - não vai dar certo - anormal, eu tenho medo - medo é culpa, medo é moral - não vê que é isso que eles querem que você sinta? medo, culpa, vergonha - eu aceito, eu me contento com pouco - eu não aceito nada, nem me contento com pouco - eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo." (p.189)

Eis aqui, em apenas um paragrafo, um mar de questões não?!
Esse trecho é do conto "Anotações sobre um amor urbano" (1977), um dos melhores que achei... Medo, nojo, vergonha, o que há de mais urbano? Mesmo não sendo tão recente, mas estes pouco mais de trinta anos não desatualizaou o conto. Na sociedade atual, o medo predomina... Grades em casa, alarmes, travas elétricas. Tudo isso para proteger homem de homem.. Sobre o nojo e a vergonha, prefiro não entrar na questão. É fato que quando foi escrito estes dois eram mais fortes que hoje, mas ainda assim, não me venha com discurso de liberdade sexual (por exemplo), quando casais gays são expulsos de salas de cinema.

Whatever... Cansei de escrever... Finalizarei incompleto como sempre...